30.12.13

Não estou aqui para gritar meus dissabores de uma vida sem você ou chorar minhas lamúrias e ilusões perdidas, afinal de contas, apesar de tudo, eu estou bem. Não que eu esteja a cantarolar pelos cantos, a dançar na chuva ou a sorrir para o nada. Sinto sua falta no amanhecer, no entardecer e no tilintar dos sinos da noite, mas é que já me conformei em marcar uma data prévia em que me esquecerei de nossas lembranças. É que se não posso lembra-las com aquele sorriso de canto próprio dos corações aquecidos, eu já não as quero mais. Cansei de me transbordar de você, de me deter a cada detalhe nosso onde já não existe o "nós". Sua presença contida nas nuvens do lembrar já não me bastam no caminho dos olhos abertos. Esquecer, esquecer, esquecer, lembrar. Temo já ser hora de recolher as flores, guardar a louça, embrulhar as lembranças e seguir por outro caminho antes que a chuva que caí agora encharque de vez meu pobre coração. Já não sei se está mais aqui para me despedir, mas deixo-lê mais um sorriso, caso queira empilhar entre sua bagunça. Sigo em frente tentando fugir das nuvens escuras que insistem em se formar no céu. Lá em frente, quando conseguir guardar tudo, vou me ater a outro caminho e quem sabe colher outras flores. De agora, eu sigo, sigo, querendo apenas ficar.

Um comentário:

  1. Para lembranças novas, é preciso mesmo desviar a atenção das velhas. Belo texto.

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